No dia 1 de junho de 1986 chegava às lojas Cabeça Dinossauro, terceiro disco do Titãs. Você confere as faixas do Titãs na programação da FWR.
Para quem era fã dos Titãs em 1986 foi necessário abrir a porta e descer a escada do porão escuro para encontrar os oito músicos fazendo um som nervoso. Era o disco Cabeça Dinossauro chegando nas ondas sonoras do rock brasileiro. Embora tenha provocado um primeiro susto pela da guinada musical do grupo, o disco foi recebido como uma boa surpresa, Cabeça Dinossauro é um soco na cara daqueles que criticam o rock água-com-açúcar.
Esse disco de rock-veneno se tornaria o mais famoso do grupo e de repente, depois de uma porção de músicas simpáticas nos primeiros anos de new wave, os Titãs entraram na vida das pessoas chutando as portas com 13 violentas faixas. A agressividade sonora não vista nos discos anteriores causou certo estranhamento de início, mas não chegou a ser antipatia. Rapidinho, estava na boca do povo.
O tema geral do disco, que dá unidade a todas as faixas, é a oposição entre civilização e a barbárie, expressa no título: de um lado a racionalidade (cabeça), que promove novas ideias, mas cria instituições violentas e injustas; de outro, o primitivismo (dinossauro), que pode ser libertador (como nas sonoridades do rock), mas também violento.
Considerado um “álbum conceitual” ou “manifesto”, o disco possui unidade, que vai da capa (uma das primeiras do rock nacional a não ter foto de artista, apresentando um esboço de Leonardo da Vinci) aos arranjos, passando pelas fotos internas dos integrantes (retratos em preto-e-branco sombreados que remetem aos Beatles).