Em fevereiro de 1986 era lançado O Futuro é Vortex, estreia dos Replicantes. Você confere as faixas do Os Replicantes na programação da FWR.
A banda de Porto Alegre sempre foi um grupo inteligentemente distante dos arquétipos que rondam a psiquê do punk que, em grande parte, mirava sua voracidade em críticas sociais e protestos direcionados ao sistema, as desigualdades, e sua ira contra a política imposta pelos grandes poderes. Não que eles deixassem de lado estas premissas, mas suas letras traziam outras provocações, revoltas e uma esperta ironia que lhe servia de combustível. Se por um lado o punk em SP trazia sua postura politizada, no resto do Brasil o lance era focado em um discurso contra sentar e esperar que algo viesse de algum aceno por esse viés.
Era 1986, se por um lado o rock nacional era agraciado pelo grande Cabeça Dinossauro, do Titãs, e a Plebe Rude lançava O Concreto Já Rachou, no meio de toda aquela sede por explosão sonora e velocidade, uma música ganhou o status de hino: “Surfista Calhorda”.
Os Replicantes passaram a ser a banda de quem andava de skate ouvindo no walkman um K7 com o disco gravado, do surfista, que não era calhorda e tomou de assalto aquele hit que afrontava os ditos falsos surfistas, e dos punks que estavam sempre prontos pra uma festa com os Dead Kennedys porque eles é que sabiam o que era hardcore.
O Replicantes também eram uma banda presente entre os que gostavam de Plebe Rude, Ira! e 365. Conseguiram, de uma forma especial, ser a banda de muitos sem se prenderem a um só universo.
Os resquícios da ditadura ainda faziam faixas serem censuradas. Entre elas “Porque Não” que veio picotada na frase: “Eu quero que o Caetano vá pra puta que o pariu…O samba me da asma, bossa nova é de foder, prefiro tocar bronha e punkar até morrer”.